quarta-feira, 16 de março de 2011

Escola de Gaddafi

Para muitos a escola é o porto seguro e a salvação dos cidadãos, para que possam resistir os terremotos e tsunamis do capitalismo, isto é, para que conseguirmos ficar de pé no sistema capitalista, deve-se ter um nível de instrução elevado (graduação, especialização, mestrado, doutorados entre outros) e os que não possuírem serão arrancados e levados pelas gigantes ondas da concorrência e individualidade ou serão soterrados pelos destroços deixados pela instabilidade econômica, gerando o desemprego.
No entanto, sabemos que a função da escola é transmitir “tais conhecimentos” de forma organizada e sistematizada. Em pelo século XXI, a Escola permanece com os mesmo princípios das escolas do século XVIII, princípios como o individualismo e o conformismo social, ou seja, preparar os(as) alunos(as) para o mercado de trabalho.
A escola deve rever seus objetivos, pois os objetivos e propósitos das escolas atuais faltam clareza, deixando em dúvida que tipo de cidadão ela pretende formar, porque ao mesmo tempo em que ela favorece os grupos privilegiados, por condições de classe, etnia, gênero, por meios de mecanismo de seleção e classificação, anuncia sua condição essencial para a formação pessoal e social dos(as) alunos(as). Será que o plano de ensino ou planejamento desse ano, deve ser o mesmo que foi usado no ano passado ou retrasado? Os(as) alunos(as) desse ano são iguaiszinhos(as) e possuem as mesmas dificuldades dos(as) alunos(as) do ano passado? Será que os objetivos são e deverão sempre ser os mesmos?
O currículo escolar é determinante na formação dos(as) alunos(as), ele introduz formas particulares de vida, e funciona, na maioria das vezes, na preparação  dos(as) alunos(as) para assumirem posições dominantes ou subordinadas na sociedade.
 Quando os conteúdos não tem relação com a realidade dos(as) alunos(as), ocorre a má aquisição de conhecimento, não permitindo aos (as) alunos(as) melhores condições de aprendizagem e preparação para a cidadania, passando a contribuir com o aumento da desigualdade social e  a valorização de atributos e práticas peculiares de grupos dominantes (elites), ou seja, o currículo com seus objetivos e conteúdos vem  reforçando o Sistema Capitalista, por meio de comportamentos, atitudes, ações, valores e ética, distorcendo a realidade escolar. O currículo tem que ser elaborado com conteúdos que valorize a cultura dos(as) subjugados(as), que no caso são os(as)  alunos(as), pois a escola utiliza  e valoriza em seu currículo conteúdos de certas culturas dominantes em detrimento da cultura dos(as) subjugados(as).
Os conteúdos que são ensinados nas escolas têm como objetivo ensinar para transformar ou para controlar?
Parece-me que a escola esta preocupada com controle dos(as) alunos(as), assim eles vão ser obedientes as rígidas ordens de seus superiores, seja na escola, no trabalho ou onde estiverem, isto é, a “Escola de Muammar  Gaddafi”, escola ditadora de normas e  regras que impõe a vontade de empresas, industrias e governantes aos demais –  “Manda quem pode, obedece quem tem juízo” (é isso que escutamos quando dizemos e estimulamos as pessoas questionarem) – quem não obedecer será condenado  pelo desemprego, será inútil para o mercado e será considerado um rebelde. Essa é a visão que é passada para os(as) alunos(as) dentro das escolas, só sobreviverá quem for o melhor e que passa a estimular a concorrência desleal entre os(as) alunos(as).
 A educação pública ainda permanece na época industrial, em um momento pós-industrial.
O que fazer e como fazer para que a educação tome novos rumos?
Como Thoreau dizia, lei injusta se combate com desobediência civil. Então será que este é o motivo que os(as) alunos(as) andam inquietos, não fazem as lições que são a eles(as) impostas? A Escola não está sendo injusta com seus(suas) alunos(as)?
O ex-presidente Lula, fazia greves ilegais em 1978 e corria risco de ser preso a qualquer momento. Esse seria mais um motivo para os(as) alunos(as) colarem nas provas? As avaliações não estão sendo injustas com os (as) alunos(as)?
Rosa Parks, senhora negra que sentou num banco reservado a brancos e recusou a ceder o lugar a um branco em 1955, tornando o estopim do movimento Boicote aos Autocarros de Montgomery.
Seria este mais um motivo, que os alunos cabulam ou deixam de assistir determinadas aulas? Por que os alunos(as) não podem escolher o que eles querem estudar? Quando será que os(as) alunos(as) serão vistos e ouvidos na escola? Eles não possuem uma história?
Quando nossos(as) alunos(as) vão poder derrubar os ditadores industriais  e pós-industriais?
Para que nossos(as) alunos(as) possam derrubar os ditadores das indústrias, da comunicação, das mídias, da política, da educação entre outros e ser emancipado do sistema, deve ser revisto a “relação de poder” que ocorre diariamente dentro dessa instituição chamada ESCOLA.
As crianças, os Adolescentes e os Adultos, não podem ser manipulados pelos Gaddafis das indústrias, ou seja, para que isso aconteça a Escola deve ser um espaço de discussão social e sem ideologia.